A criança, imersa em um contexto permeado por diferentes leituras, ingressa na Educação Infantil com o simbolismo em desenvolvimento e, quando oferecidas situações que despertem a curiosidade natural da criança pela linguagem, o letramento passa a funcionar como caminho para o domínio, não de técnicas, mas da leitura/escrita. Como se sabe o processo de aquisição da linguagem escrita ocorre desde o nascimento do indivíduo, mas é na escola que o cotidiano é formalizado.
Alfabetização a princípio significa o domínio da leitura e da escrita, mas esse domínio é na verdade a conclusão de um longo processo. Para que uma criança seja alfabetizada, é preciso que ela passe antes por uma série de etapas em seu desenvolvimento, tornando-se então preparada para a aquisição da leitura e da escrita. O processo de alfabetização é bastante complexo para a criança, por isso a importância de se respeitar o período preparatório, que dará a criança o suporte necessário para que ela prossiga sem apresentar grandes problemas. Uma criança sem o preparo necessário pode apresentar durante a alfabetização, dificuldades relacionadas à coordenação motora fina e pode ainda ter problemas para identificar os fonemas e associá-los aos grafemas. Também é possível encontrar crianças que só sabem copiar textos, e durante um ditado, não conseguem escrever. Podemos falar também sobre as dificuldades de interpretação de texto, de compreensão, de raciocínio lógico e ainda nas dificuldades emocionais. Complexos de inferioridade, insegurança, medo de situações novas, medo de ser repreendida, medo de errar, de não corresponder às expectativas dos pais, apatia, indiferença ou indisciplina e revolta, problemas de socialização, baixa auto-estima, e outros.
De acordo com Kramer, a maioria dos pais que vincula a pré-escola à escolarização, onde inicia-se o ensino da leitura e da escrita, principalmente aqueles de classes populares, porque acreditam que a alfabetização é uma possibilidade de melhor aproveitamento e extensão do período de permanência das crianças na escola, o que evitaria a exclusão da criança na 1ª série, por não ter sido ainda alfabetizada. Além disso, segundo a autora “Apré-escola pode, então, dar uma dupla contribuição no que se refere à alfabetização: garantir que a criança compreenda ‘o que é ler’ e simultaneamente, garantir que a criança confie na possibilidade de aprender a ler e escrever”.
Mas, exitem aqueles, educadores/pesquisadores e administradores, que acham que não é válido investir na pré-escola porque não tem há uma confirmação dos resultados nos anos posteriores e do alto custo. Há também aqueles que acreditam que a educação pré-escolar é de fundamental importância para prevenir os fracassos da 1ª série. Do outro lado estão aqueles que acreditam que a pré-escola tem a função de desenvolver plenamente o educando. Kramer ressalta inda que a educação pré-escolar tem um cunho pedagógico que se manifesta através da valorização dos conhecimentos inatos e da aquisição de novos conhecimentos, além disso, é traz uma essencial contribuição para a escola de 1º grau, que tem um alto índice de reprovação e repetência.
Assim, pode-se entender que é necessário e possível realizar a alfabetização na pré-escola, já que a educação é uma prática social e as crianças são sujeitos sociais. Mas levando em consideração a realidade sócio-econômica da criança e de maneira lúdica e prazerosa. E muitos teóricos comprovam essa afirmação da autora, como Percival Britto que relata que esse é um grande desafio da Educação Infantil. Além disso, ele ressalta que é necessário não somente ensinar a criança o domínio do código oral e escrito, mas inseri-la na cultura escrita. E isso é possível bem antes do ensino fundamental e permanece pelo resto da vida.
De acordo com Britto, nessa etapa da vida da criança ler com os ouvidos e escrever com a boca é mais fundamental que ler com os olhos e escrever com as mãos, pois as crianças são extremamente curiosas e perceptíveis. Para ele não basta apenas ensinar a criança a desenhar e juntar letras, mas é necessário que o educador ofereça condições para que ela se desenvolver plenamente e participar criticamente dessa sociedade grafocêntrica, onde é necessário se adquirir e dominar a língua oral e escrita para não ser excluída dela.
No entanto, nota-se que muitos se omitem a essa discussão, pois sabem que é um grande desafio da educação infantil atualmente, pois não basta apenas ensinar a decodificar e codificar mensagens, mas tornar a aprendizagem e o conhecimento da escrita significativos, de acordo com a realidade social, cultural e política da criança. Ou ainda aqueles que embasados em teorias ou modelos, não criam condição para que ocorra uma alfabetização séria e eficaz.
Segundo Kramer, uma tentativa para solucionar essas dificuldades está na compreensão de que há uma contradição entre necessidade e exigência, mas saber que a necessidade é que provoca a exigência. Pois como sujeitos sociais, que vivem numa sociedade grafocêntrica, as crianças têm o direito de participar, compreender e transformar as práticas de leitura e escrita.
Dessa forma, chega-se a conclusão que é possível se alfabetizar na pré-escola, apesar dos desafios que a educação tem atualmente, principalmente à pública. Sendo assim, precisamos buscar subsídios para inserir a criança na cultura escrita, de maneira prazerosa, dinâmica e significativa, de acordo com a realidade de cada uma.
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gostei do texto muito importante a questão do lúdico alfabetiuza tanto qto a escrita . trabalhei muito tempo em pré escola e sempre consegui muito atraves da coordenação motora feito das diversas maneiras
ResponderExcluirgostei tierei minha duvida que podemos alfabetizar na edcacão infantil
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